Mauro Cid e a polêmica das acusações de golpe
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirmou em depoimento de delação premiada à Polícia Federal (PF) que Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) integravam um grupo próximo ao ex-presidente após as eleições de 2022 que apoiava um suposto golpe de Estado.
De acordo com o depoimento, prestado em agosto de 2023 e vazado neste fim de semana, Michelle e Eduardo mantinham conversas frequentes com Bolsonaro, supostamente incentivando-o a considerar medidas para permanecer no poder. As informações foram inicialmente divulgadas pelo jornalista Elio Gaspari, dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo.
A delação de Mauro Cid foi homologada em setembro de 2023 pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e permanece sob sigilo. Segundo o documento, o ex-ajudante de ordens fez acusações contra nove dos 40 investigados pela PF por uma suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022. No total, Cid mencionou cerca de 20 nomes, dos quais muitos sequer figuram entre os investigados oficiais.
Por que Michelle e Eduardo Bolsonaro não foram indiciados?
Fontes ligadas às investigações afirmaram à Gazeta do Povo que delação não é prova. Michelle e Eduardo Bolsonaro não foram indiciados porque não se encontrou evidência concreta que os colocasse como incentivadores ou articuladores diretos de um plano golpista.
Segundo o depoimento de Cid, após a derrota de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, o entorno do ex-presidente dividiu-se em três grupos: os “conservadores”, que buscavam consolidar Bolsonaro como líder da oposição; os “moderados”, que rejeitavam ações radicais, embora criticassem o processo eleitoral; e os “radicais”, subdivididos entre os que defendiam investigações sobre supostas fraudes e os que apoiavam medidas armadas.
A resposta de Eduardo Bolsonaro
Eduardo Bolsonaro comentou a polêmica no X (antigo Twitter), ironizando as delações de Mauro Cid. “Mauro Cid fez diversas delações, mudou sua versão várias vezes. Mas se os advogados de defesa de Jair Bolsonaro pagarem para a Folha R$ 1,90/mês durante 6 meses, poderão ter acesso à primeira delas”, publicou, referindo-se ao valor da assinatura do jornal que divulgou a íntegra do depoimento.
Michelle e Eduardo na mira de 2026
Apesar das polêmicas, Jair Bolsonaro, em entrevista à CNN na semana passada, mencionou Michelle e Eduardo como potenciais candidatos à Presidência em 2026. Segundo Bolsonaro, ambos possuem maturidade política e popularidade crescente junto ao eleitorado conservador.
Bolsonaro destacou a presença de Michelle em eventos internacionais como um diferencial e chegou a brincar que, em um eventual governo dela, poderia assumir o cargo de ministro-chefe da Casa Civil.
Vazamento seletivo: críticas da defesa de Bolsonaro
Os advogados de Bolsonaro criticaram o que classificaram como “vazamento seletivo” de informações. Segundo a defesa, enquanto a mídia tem acesso privilegiado às investigações, os advogados enfrentam dificuldade para obter os autos completos. O episódio lança uma nova luz sobre a transparência e imparcialidade dos processos conduzidos pelo STF e pela PF.
Leia Também:
O “tiro no pé” de Xandão: A 1ª declaração de Michelle nos Estados Unidos, veja vídeo
Erika Hilton copia estratégia de Nikolas Ferreira para defender fiscalização do Pix
O News Atual está sob ataque!
Eles querem nos calar e esconder a verdade. Sem o seu apoio, será impossível resistir.Ajude agora: ➡️ https://www.newsatual.com/planos-de-assinatura/